sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

NÃO DEU CERTO
(LOJA DE PERFUMES IMPORTADOS NUM GRANDE SHOPPING. TARDE DE SÁBADO. UMA MULHER DE UNS 25 ANOS, LOURA E ESGUIA, VESTIDO VERMELHO JUSTÍSSIMO, COBERTA DE JÓIAS, CHIQUÉRRIMA, FAZENDO COMPRAS)

- Mais alguma coisa, senhora?
- Não, obrigada. Comprei demais. Chega!
Diz, entregando à vendedora um cartão de crédito.
- Senhora, esse cartão está no nome de...
- Eu sei! É meu marido! Está ali fora!
Comenta. Depois, numa atitude que se pode classificar de infantil, coloca dois dedos na boca e dá um assovio agudo. Um homem, aparentando três vezes mais a idade dela, muito bem vestido também, que observa a vitrine de uma loja de sapatos, se volta. A mulher sorri e fala com a vendedora no exato momento em que esta tira as mãos dos ouvidos.
- Ele já vem!
O homem entra na loja. A mulher vai ao seu encontro e quase esbarra numa Policial que acaba de entrar também. A loura o detém, empurrando-o energicamente para um canto. Os dois iniciam uma discussão. Só se percebe que estão se desentendendo pelo gesticular irritado do homem e das ponderações da esposa. A vendedora tem a impressão de que ouviu uma frase entrecortada:
-... quê isso? ... ficou muito caro...
A Policial está encerrando a compra, quando de lá mesmo a mulher a interrompe, dirigindo-se à vendedora:
- Querida, me espera um segundinho? Meu marido é um chato, disse que gasto muito. Vou conversar com ele. Deixe tudo separadinho, ok? Já volto!
Dá três passos na direção da saída, puxa o homem pela manga da camisa. Os dois saem apressadamente da loja e se infiltram na multidão:
- Essa foi por pouco! Ainda bem que forjamos a discussão! E se a Policial desconfiasse? Você com esse cartão falso. Foi sorte! Mais cuidado da próxima vez, ouviu, maluca?

Uma hora depois, a gerente da loja, vendo que a cliente não retorna, diz à vendedora:
- Pode ir lanchar! Se ela voltar, eu atendo!
- Tá bom! Não demoro!
Na lanchonete, a vendedora encontra uma velha amiga de pré-vestibular e demora mais do que o previsto, colocando o papo em dia. Quando retorna à loja por um outro corredor, vê três policiais saindo de uma joalheria. Estão conduzindo um casal: uma mulher de uns 25 anos, de cabelos curtos e negros, esguia, trajando vermelho, coberta de jóias.... Chiquérrima. E um homem que aparenta ser avô dela.
A moça não daria importância ao fato se não reconhecesse a mulher. Aquela que assoviou feito criança, que comprou uma fortuna em perfumes na sua loja, que discutia com o marido. Outro detalhe que lhe chamou a atenção: de vistas baixas, a mulher tentava esconder debaixo do braço uma peruca loura.

Um comentário:

  1. Pois é, as aparências enganam. tenho uma amiga que diz outro ditado: "o tamanho da conta bancária é inversamente proporcional ao tamanho da bolsa." Sábia essa minha amiga.

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