quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MORADOR DE RUA

Não me pergunte sobre a minha vida. Não saberia te responder ou talvez não sinta vontade de fazê-lo.
Posso apenas lhe dizer que nas noites, quando o corpo cansado pede repouso, não tenho o aconchego de um quarto, nem o céu estrelado e o luar como cobertor. Nada disso. O cimento frio de um viaduto imponente e papelões sujos roubam-me essa visão propícia de poetas.
Tampouco tenho sonhos e ilusões. Amores? Perdi a esperança! Tenho como companheira uma realidade que não chamaria de cruel porque ela é a minha fiel parceira. Jamais me abandonou.
Tenho também o craque, a droga que alimentam a minha fantasia, quando as “formiguinhas” conseguem driblar a polícia e trazê-lo para eu viajar nos braços do devaneio.
A minha vida não é fácil? Você acha? Nem sei te responder. Não conheço outra vida.
Se eu gostaria de mudar? Bem... você sabe que existem coisas impossíveis de serem mudadas! Pelo menos na minha condição.
Como sobrevivo? Pertenço a uma associação de catadores de papel. Temos um local para banhos, refeições e um armário para guardar os nossos pertences. Tudo muito simples. Aliás, não precisaria ser melhor.
Vou lhe contar uma historinha: Certa vez uma repórter, fazendo uma matéria cujo enfoque era o tráfico de drogas na região onde organizo e guardo os papéis que recolho no dia, me perguntou, ao adentrar o local onde cada um de nós tem um armário e banheiro para a nossa higiene... Ela me perguntou:
- Você só tem esse armário, só isso? – pergunta óbvia, considerando que sou morador de rua.
Esclareci:
- Tenho muito mais que isso! Tenho Deus no meu coração!
Ela me perguntou ainda, encerrando a entrevista:
- Isso é suficiente pra você?
Não sei exatamente a que a palavra suficiente se referia, se ao armário ou a Deus... Mas foi mais ou menos assim a conversa. A conclusão é sua. Agora você conhece a minha história, sabe quem sou. Mas não quero a sua compaixão. Não a quero de ninguém. De que adiantaria? Talvez nem queira mudar de vida. Apenas, eu lhe devolvo a pergunta da repórter:
- Isso é suficiente pra você?
Certamente o seu coração te dará a resposta.
E se algum dia a vida lhe roubar algo, se tiver que dormir na rua, se o concreto frio de um viaduto não for obstáculo pra você contemplar um céu estrelado e as noites enluaradas, pense na resposta que dei a repórter.

P.S.
Texto baseado numa reportagem que vi na TV. Naturalmente dei aqui uma boa dose de ficção.



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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A MESA ESTÁ POSTA

Não entendo porque se casou, se alimentava tanto ódio pelo marido. Ódio feito de vingançaszinhas bobas, picuinhas e mesquinharias que no decorrer dos anos só aumentava mais e mais a distância entre eles.
Num desses dias em que levantou com o pé esquerdo, com cara de quem chupou limão, ela prometeu:
- Hoje ele não almoça aqui!
E propositadamente, despejou sal nos pratos que preparava, de maneira que nem vaca conseguia comer.
Como a vingança era o seu prato cheio, a partir do momento em que provou o alimento e viu que era impossível pra qualquer mortal comer, sentiu-se aliviada. Feliz até.
Como Deus é bom e é onipresente também, viu e ouviu a profecia:
- Hoje ele não almoça aqui!
Bem, vamos pular essa etapa, como se diz...
Se ela está esperando o marido pra almoçar, a mesa está posta há uns 5 anos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CONTO PRO TWITTER

Três autores. 140 microcontos. Três estilos diferentes de contar histórias que cabem no Twitter. Temas variados. Os microcontos podem ser lidos de uma só vez ou aos poucos. Não importa a ordem. O certo é que o leitor vai se divertir e se emocionar.


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quinta-feira, 29 de julho de 2010

MICROCONTOS

DELIVERY ILEGAL
Ligou encomendando... Outro indivíduo chegou minutos antes. O “aviãozinho” fugiu apavorado: “- O que um morto pode querer com droga”?

AH JUSTIÇA!
- O Servente ganhou na Justiça! – Ih, você deve ter pago alta indenização. – Como pagaria? Resolvi ser empregada dele. Estamos quites!

ELA É DEMAIS.
87 anos e um jeitinho todo especial de usar as palavras. Ouçam: - As pragas das formigas não me dão sossego. Agora, barata, nem pra remédio.

PIRANHA
A menina entrou no ônibus passando a mão no cabelo: - Mãe, perdi a minha piranha na rua. Um passageiro pensou: - Ela ficou no lugar certo.

COM O PÉ ATRÁS
- Passei por diversos analistas. Fico observando cada um pra ver se dá certo! – Primeiro você analisa o psicólogo pra depois ser analisada.

MINEIRO PREFERE ERRAR O ENDEREÇO
- Tu desce a rua, vira à direita e vai dar na orla do Guaíba. O cara se assusta com o gaúcho. – Tá louco, tchê? Sai fora! Sou macho!

AINDA NÃO TOMOU O ANALGÉSICO?
Quarentona lia: “Aposentado, 65 anos, simpático. Quero arranjar uma mulher de 22 a 28 anos”. Ela concluiu: - Tá querendo é dor de cabeça.

A MALA OU AMÁ-LA?
Poucos meses juntos; amor no fim. Melhor separar. Arrumando as coisas, ouviu-o: - Deixe essa mala. Mãe ainda não pagou todas as prestações.

NO LEITO...
Odiava o álcool. Veio a aposentadoria, motivo pra festejar. Bebeu 24h. Na 25ª h estava deitado, imóvel, inchado; crucifixo e castiçais...

AO PÉ DA LETRA
“Chega um ponto em que temos que abrir mão de certas coisas na vida”. Assim, quando surgiu a rival, ela não deu a mínima.

ENGANOS
1.dia: Mudança. 2.dia: Viram-no beijar o rapaz. 3. dia: o condomínio dizia que era gay. Depois... descobriram que o rapaz era seu filho.

PRECARIAMENTE
Mais do que certo! Com um nome desses, a guria tinha mesmo que dizer: - Meu nome é Roberta.

A ÚLTIMA NOITE DE AMOR
Depois do ato, foi cruelmente assassinado pela parceira. Deixou herdeiros. Dias depois, o mundo acolhia os ovos da fêmea do Louva a Deus.

NO PET SHOP, PROCURE SEU AMIGO
Cobiçou o diamante. Armou emboscada e foi morto. Ele procurou um amigo, contou. O amigo guardou a pedra. Chamou polícia. Morreu na cadeia.

DA VINCE OU L’OREAL?
- Vou pintar os meus cabelos! – Com Da Vince? – Não, eu uso L’Oreal! - Então você vai tingir os cabelos!

A ÚLTIMA CANÇÃO
O homem, ao ouvir o som propagando no quarto escuro, esticou a mão, pegou o spray na beira da cama e borrifou o gás venenoso no ar.

NO BORDEL... A DESPEDIDA!
... o pai se despedia do mundo num derrame... No bordel ela contava o dinheiro ganho na noite... mas não foi suficiente pra pagar o enterro.

ESPOSA ENCIUMADA
A amiga comentou: - Seu marido é mais jovem, né? Ela ficou fula. Arrastou o homem pro canto: - Agora você está proibido de usar meus cremes!

ROSAS E MARGARIDA
- Sua vida vai ser um mar de rosas! – Profetizou a cigana. Meses depois, ele se casou com Margarida, que não lhe dava sossego.

ROSAS E MARGARIDA - parte 2
Mal casado, ele não vivia num mar de rosas, conforme previu a cigana. Sua vida era a margarida, melhor dizendo: amarga, árida...

NO DIVÃ
- Você está muito presa à imagem! – Verdade! Em casa tenho até o Sto Antônio Casamenteiro. – Não é esse tipo de imagem. É o visual, entende?

NÃO PASSE DEBAIXO DE ESCADA
Ele seguia o conselho à risca. Temia o azar, justificando: - Passar debaixo de escada? Vai que uma lata de tinta derrame na minha cabeça?

MINEIRIM APRESSADO
Nem fez o teste do bafômetro. Ao ser erguido do chão pelo Agente, foi logo confessando: bibi, bibi, bibi, bibi...

DEU PRA BEBER?
Empregada entra na sala toda serelepe, cambaleando, dando gargalhadas. Patroa: - Deu para beber agora, Mara? – Só bebi! À noite vou...

SEM SEXO
Regularmente ia ver o marido na prisão, mas se recusava visita íntima. O “reserva” ia junto e era ciumento ao extremo.

MULHER NO COMANDO
Desceu irritada do carro. Arrancou violentamente a placa de VENDE-SE da casa. – Só porque nos separamos ele acha que já está mandando?

TUDO NA MESMA
Visitava o filho na casa da ex. Sempre reclamava de tudo. Um dia ela perdeu a paciência: - Nada muda! Você é o mesmo chato! Agora pode ir!

MÁRIO
- Lê Mário, amiga? – De Andrade? – Quintana!


TARADO NO RESTAURANTE
Dois amigos almoçando: - Adoro carnes exóticas. Este faisão está delicioso... Você já comeu pato? – Bem que tentei, mas ele fugiu correndo!

sábado, 10 de julho de 2010

QUEBROU A CARA...

... e as pernas e os braços também. Quebrou tudo!
Em adultério no quarto de mulher casada, ouviu voz de homem na sala de estar no momento em que ainda estavam nas prel...
Bem, apavorada e vestindo apressadamente uma camisolinha, a mulher correu pra porta. O garanhão, por sua vez, correu pra a janela. Procurou se safar de uma possível morte não prevista no programa. Ele bem sabia que marido enfurecido é o bicho. Assim, sem pensar duas vezes, e em desespero, pulou do primeiro andar no jardim do prédio.
Você vai dizer: “seria cômico se não fosse trágico”, mas foram as duas coisas, pode crer.
Será que o garanhão achava que o gramado fosse ortopédico ou macio o suficiente para amortizar o impacto? Ou que tinha o sabor dos braços da esposa do outro? Vai saber...
Atenção para o fato que desencadeou a catástrofe:
A empregada chegava do supermercado. O porteiro, apelidado de Trovão pra fazer jus ao vozeirão que tinha, vendo-a tão carregada, encontrou um bom pretexto para ajudá-la, levando as sacolas até a porta do apartamento. Na hall, ficou de papo com a menina, por quem estava cheio das “más” intenções...

sábado, 3 de julho de 2010

MICROCONTOS

SOLTANDO OS BICHOS
Gritos na casa. - Jararaca!!! O menino sai correndo, assustado: – Rápido, mamãe! Corre... por aqui! Os dois de novo: papai e vovó brigando!


A PIOR INIMIGA É...
- Cabelo feio, mal vestida, barriguda, estrias... Que irmã! Marido explode: - Seu irmão: Do futebol, vamos beber. Nem sei o que ele usa!


ENCURTANDO A CONVERSA
- Amor, rápido, R$ 10,00! Vi um vestido lindo, longo! Vou comprar. - Compra mesmo! Depois que lavar, vira minissaia, como você gosta. Corre!


ATÉ NA MEIA?
Freguês na cadeira de engraxate... - Menino, que droga! Você sujou a minha meia! – Não esquenta, moço! Vai pagar a graxa só do sapato!


RECEITA PARA PASSAR TROTE EM CALOURO DE FACULDADE
- Rapaz, quando você vier pra aula e for comer um espetinho daquela barraca ali, veja se o gato do dono tá lá perto dele. Se não estiver...

AZUL
- Tio, venha ver como o céu está azul! – É o reflexo dos teus olhos, criança linda! – Tio, como o sr. é exagerado, mas te amo mesmo assim!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

terça-feira, 29 de junho de 2010

NUM SEI

Conversa de duas amigas ao telefone. Uma carioca e a outra mineira.
A carioca:
- Tô chocada! Ela morreu mesmo com aquela doença? Nem quero falar o nome...
A mineira:
- Num sei, menina!
- Como não sabe se você mesma ligou pra me dar a notícia?
- Morreu! – afirma impaciente a mineira - Ai como é difícil falar com esse povo do Rio, chiando assim as palavras! Já disse: num sei!
- Amiga, você tá me deixando confusa. Como não sabe?
- Eu disse que a doença deu num sei.
- Ah entendi! Num seio, é isso?
- Nó, comocê demorô pra intendê!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

CANTANDO VITÓRIA

O aposentado fez um saque no banco e guardou cuidadosamente o dinheiro. O bandido estava de olho e foi atrás dele quando o viu cruzar a porta de saída.
Ao sentir-se seguro, o marginal avançou contra o idoso, arrancou de suas mãos uma sacolinha plástica e saiu apressado, entrando no estacionamento de um teatro.
O homem gritava desesperado, pedindo socorro, chamando a polícia, correndo também na direção dos carros parados.
Mas foi tudo em vão.
O assaltante, fazendo malabarismo, desapareceu misteriosamente no meio dos carros.
O aposentado, percebendo que o marginal havia mesmo sumido e que ninguém veio socorrê-lo, mudou de atitude, sorrindo vitorioso:
- Ladrão idiota! Pensou que eu ia colocar meu dinheiro naquela sacolinha? Sou bobo não! Enganei ele! O dinheiro tá bem guardado aqui!
Levantou a camisa e enquanto olhava o pacotinho de notas enfiado no cós da calça, sentiu algo tocar em seu braço. Virou-se. Foi então que ouviu uma voz de mulher, saída de dentro de um carro estacionado, calmamente pedir:
- Passe pra cá toda essa grana, senão leva tiro!
Ele sentiu a arma sendo encostada nas suas costelas...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

PERIGO AO VOLANTE

- Louca! Tô no volante! Tu me joga no colo o guri? Quer provocar acidente? – O carro tá parado; tu limpando o volante. É filho teu também.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

TECNOLOGIA

Um homem. A tela do computador. O comando: ENTER! Do velho edifício, a poeira compacta subindo pelos ares.

domingo, 13 de junho de 2010

BOA PINTA

... e bem vestido, propõe: – Quer casar comigo? A namorada brinca: – Põe aqui o seu salário: Ele risca no papel... Resposta rápida: – Não!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

LADRÃO SAINDO PELO LADRÃO

Ao ser jogado na cela já abarrotada, ele argumentou com os “colegas” que curiosos olhavam-no: - Adianta dizer que é inocente?

terça-feira, 8 de junho de 2010

MULHERES... MULHERES...

Tempos sem ver a irmã, quis agradá-la, levando-a às compras.
– Meu cartão de crédito. Hoje você pode gastar mil reais.
- Oba! E amanhã?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A CRUCIFICAÇÃO

Na fronte, a dor, sofrimento, sangue.
A condenação... Chicote.
O peso fá-lo curvar-se. Chicotadas assoviam...
(A CONDENAÇÃO)


As lágrimas banham a sua face.
O filho, ensangüentado, brutalmente erguido do chão.
Sombra da cruz projetada pelo sol. Crucifiquem-no!!! Crucifiquem-no!!!
(M A R I A)


Na cruz! Olhos suplicantes erguidos para o céu.
Um balbucio, um lamento: “Pai, por que me abandonaste”!? O último suspiro! O fim!
O céu se rasga em trevas! A escuridão traga o mundo.
(P A I)


Um estrondo... incredulidade... uma voz rompendo as trevas... a promessa:
“Eis o meu filho amado, que dou ao mundo para a Salvação”.
Há esperança! Esperança... Fiat Lux!!!
(A SALVAÇÃO)


Ele está aqui! Luz do mundo!
Nas mãos, a redenção!
“Eis o cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo...”
(LUZ DO MUNDO)


Obs.:
A CRUCIFICAÇÃO é a fusão dos poetrix LUZ DO MUNDO e CONDENAÇÃO, com um enredo maior.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

DEFEITO TRADUZIDO

- Mas onde você estava? Faz 2h que estou te esperando. Carros faziam filas, homens mexendo comigo. Uma loucura! E eu aqui na calçada, morrendo de medo. Devia ter aceitado a carona de algum daqueles caras lindos que me paqueravam.
- Essa porcaria de carro deu problema. Tive que correr pro mecânico!
- Qual defeito?
- R$ 250,00!
- Perguntei qual defeito?
- R$ 250,00, já disse! Como vou sabe qual defeito? Se soubesse não iria ao mecânico porque seria mecânico!
- Você é demais! Traduz tudo no dinheiro! Porque não me ligou no celular?
- Bateria descarregou!
- Orelhão... ?
- Não vi nenhum por perto!
- Papo! Você nem se preocupou comigo! Mentiroooso!
(Vou contar pra vocês. Esse é um daqueles que fica no Boliche jogando com amigos e esquece da outra)
Andaram mais alguns metros na avenida. Ela apontou.
- Tá vendo aquele carro batido ali na frente? O cara, de tanto me olhar, acabou batendo na traseira do outro!
- Não tem nenhum carro batido ali!
- Então já foi guinchado!
- Mentirooosa!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NO GALINHEIRO

Aconteceu numa cidadezinha do interior de Minas Gerais.
A moça não queria se casar de jeito nenhum. Queria mais é aproveitar a vida, exercendo sua condição de mulher livre e resolvida sexualmente, mas um apaixonado cruzou o seu caminho e adeus liberdade. Tudo culpa da mãe também, que praticamente a empurrou para o altar.
No dia do casamento, na hora de ir para a igreja, ela estava mesmo arrependida de ter dito e sim e fugiu chorando, arrastando aquele vestidão branco. Foi se esconder no galinheiro.
Uma prima invejosa, doida com o rapaz, torcia pras coisas darem errado. E quando a viu entrando no galinheiro, sentiu uma comichão de alegria. Viu ali a sua chance de agarrar o bom partido.
Correu também para o galinheiro, mas com a intenção de certificar-se de que a noiva estava mesmo escondida.
Chegando lá, viu a outra no meio das galinhas chocas, sentada perto de um ninho e segurando dois ovos. A prima invejosa teve certeza de que “daquele mato não saía coelho”, o que lhe deu mais alegria. Fingindo preocupação, chamou a atenção da outra:
- Prima, ocê incontra um home bão que qué te dá nome. Qué casá cocê e ocê foge pro galinheiro, prima? Ocê num tem jeito! Qué mesmo é ficá nessa vidinha com essa cambada de home. Num é atoa que vei escondê no galinheiro. Tem tudo a ver. Ocê qué mesmo é vortá às origis.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

MOÇA DE BRANCO

Moça de uniforme branco, que passa pra lá e pra cá.
Sabia que o meu sofrimento, aqui no leito, você pode aliviar?
A minha dor no peito, transforma-se em alento, acredite,
Quando muito atarefada, te vejo passar.

domingo, 23 de maio de 2010

DEVORANDO...

Azul celeste. Transparência.
27. graus. Nuvens estáticas.Topo de edifício.
Gritos.... Gavião não abandona presa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

AFINAL, QUEM DEU O GOLPE?

Uma loja de relógios caríssimos e outros artigos importados num luxuoso shopping.
Um rapaz trajando uma jaqueta de couro marrom, cabelos bem cortados, sapatos de couro e óculos de aros finos, adentra o recinto.
Uma Caixa, educadíssima e solícita, recebe-o com um largo sorriso antes mesmo de ele chegar ao balcão.
¬- Boa tarde, senhor! Posso ajudar?
- Acho que sim! Eu ia pagar o boleto - pago por telefone - mas o código de barra não foi aceito. Vim saber como resolver...
- Deixe-me ver!
O rapaz abre uma pequena pasta que depositou sobre o balcão de vidro. Ao tirar um carnê, diz de supetão, mudando completamente o tom e fazendo menção de puxar algo de dentro da pasta:
- Rápido! Todo o dinheiro do caixa!!! Não tente acionar o alarme aí no chão! Antes mesmo de levantar o pé, São Pedro já estará abrindo as portas pra você. Rápido! – fala agitado.
A caixa encara-o, assustada, tremendo. Vai empalidecendo e escorregando para o chão. O rapaz entra em pânico quando a vê estirada e inerte.
- Gente... a Caixa... desmaiou...
Corre corre de funcionários para socorrê-la. E uma voz de mulher esclarece:
- Meu Deus! Só esta semana já é a segunda vez que ela desmaia. Essa menina está com algum problema de saúde, mas não quer ir ao médico. Que podemos fazer? Obrigado, senhor, por nos avisar!
- De nada! – responde o rapaz e sai apressadamente.
Já quase chegando na saída, sente algo gelado na sua nuca ao mesmo tempo em que a pasta é arrancada de sua mão. Em seguida uma voz grossa e autoritária ordena:
- Parado! Levante as mãos! Não tente nada, ouviu???
Ele se sente verdadeiramente ameaçado. Balança a cabeça em atitude afirmativa e obedece.
Nisso chegam, juntando-se ao Segurança, duas funcionárias, as quais, bastante sérias, se postam ao lado do rapaz. Uma delas é a Caixa que havia desmaiado.
O Segurança que deteve o rapaz manda-as revistá-lo. Assim elas o fazem. Nada encontram. Revistam a pasta também. Nenhuma arma.
O Segurança, que a tudo assistia, sorrindo e olhando com cumplicidade para as moças, recomenda:
- Levem o rapazinho lá pros fundos. Vocês sabem o que fazer, mas não deixem pistas. Depois eu chamo a polícia!

sábado, 15 de maio de 2010

PÂNICO

Lua denuncia vulto no quintal.
Apavorada, ela fecha a janela.
Sol mostra galinhas mortas no galinheiro.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A VIZINHANÇA NEM DESCONFIAVA

A vizinhança era testemunha do grande amor dos dois.
Beijinhos pra cá, beijinhos pra lá, mãos dadas.
Andavam abraçados na rua.
Relacionamento de casalzinho mesmo. Coisa apaixonante.

A vizinha não sabia que dentro de casa, mal se falavam.
A vizinha não era testemunha de que dormiam em quartos separados.
A vizinha não tinha olhos que ultrapassem quatro paredes.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TUA UNÇÃO

Deixa que eu me purifique no óleo da Tua unção.
Na Tua vereda, Senhor, quero me banhar!
E a luz do Teu caminho será trilha a me guiar.

terça-feira, 11 de maio de 2010

SEXTRIX

- Meu poetrix, fessor! Ele contou 6 versos. Disse pra aluna. - Poetrix tem só 3 versos. Se fosse pornográfico, você podia chamar de sextrix.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CAINDO NA PRÓPRIA ARMADILHA

Perdido em meio a dívidas, rolos com mulheres, falcatruas e um monte de problemas financeiros sem vislumbrar uma solução a curto prazo, ele achou por bem inventar umas mentirinhas. Mas a cada dia uma nova, estava ficando difícil. Tinha que ter imaginação o suficiente para não cair em contradição e a mente já estava sobrecarregada com muitos problemas.
A primeira providência tomada para se livrar do incômodo ocorreu durante uma corrida pela orla do Guaíba, onde uma idéia que pareceu a solução para tudo chegou na hora certa: se livrar definitivamente do celular, ou pelo menos, se livrar daquele chip. Mais do que depressa, tirou a pecinha do aparelho e atirou-a nas águas calmas que roçavam a areia perto de seus pés.
Voltou aliviado para casa. Aquele barulhinho incômodo, perturbando o tempo todo, cada hora uma pessoa ligando, havia cessado completamente. Ele tinha intenção de ficar incomunicável por um bom tempo. Entretanto, o acaso conspirou contra. À noite, em casa, tranquilamente recostado no sofá, tomando um vinho, ouviu o telefone fixo tocar. Deu um pulo. Não dava aquele número pra ninguém exatamente pelas razões que eu disse aqui no início.
Sem pensar duas vezes, atendeu. Não reconheceu de imediato a voz da pessoa, mas era mulher e cobrava certos compromissos amorosos assumidos e relegados ao esquecimento.
Precipitadamente, o rapaz foi logo se justificando.
- Ando muito ocupado nos últimos dias. Reuniões, negócios, viagens. Agora mesmo estou em Santa Catarina. Não posso falar muito contigo. Tenho reunião daqui a pouco.
Ouviu-se uma gargalhada do outro lado da linha, o que fê-lo arregalar os olhos. Não entendeu aquilo. Não tinha dito nada de engraçado. A gargalhada continuou ruidosa, perturbadora. Então ele resolveu por fim àquele incômodo, dizendo rispidamente:
- Bah, pode me dizer por que tu ri tanto? Ainda não entendi!
E a guria:
- Vou lhe dar uma informação que acho que tu ainda não sabe. Existe telefone fixo. E estou ligando para um fixo. O teu!
- Quê?
- Tô ligando pra tua casa. Acorda! Descobri o teu número, endereço...
Ele teve vontade de sair correndo, mas se lembrou de que estava todo agasalhado, no 10. andar, com o aquecedor ligado, tomando vinho, fugindo de mulheres, credores e problemas.
Lá fora os termômetros registravam um frio de -3gr.

domingo, 9 de maio de 2010

CARINHO DE MÃE

Olhos embevecidos para o primogênito.
De que também vem à luz, o segundo dá sinais.
No ninho, a mãe, amorosamente, aquece os dois.

sábado, 8 de maio de 2010

MEU TESOURO

Enquanto o sol brilhava,
coroando o horizonte,
invadiram a minha vida.
E tudo roubaram de mim:
Dinheiro, objetos, cartões...
Todos os bens materiais.

Não fugiram
como ladrões na calada da noite.
Quando saíram,
o sol ainda se revelava,
agora já acobreando o horizonte.

Roubaram de mim, tudo,
mas deixaram o amor.
Que está bem guardado
no coração.

Não me roubaram a índole.
(A eles não interessava)
Tampouco roubaram o meu caráter.
(Não valeria nada...)

Tampouco roubaram a minha alma.
Eu a guardei como a um tesouro....
Guardei-a cuidadosamente:
Antes, eu a entreguei a Deus.

MÃE É MÃE

Mãe é mãe, diz o ditado. Quem vai questionar?
A beleza, as habilidades, enfim, coisas boas dos filhos,
Vê por toda parte, vê em todo lugar.
Defeitos? Sabe justificar. Defende-os! Põe nos trilhos!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

ROSAS E VIOLINO

Sons de violino adornam a noite.
Perfume de rosas passeia pelo jardim.
Ele sussurra: “Precisa treinar mais, mãe...”

QUEIMADAS

Fumaça densa, compacta. Visão anuviada.
Freio de carro comprimido.
“Aqui é da Polícia Rodoviária: Houve um... “

segunda-feira, 3 de maio de 2010

EMPREGO

Andei o dia inteiro procurando emprego.
A situação tá mesmo feia, não é boato.
Minhas pernas pediam arrego.
E só consegui gastar a sola do sapato.

domingo, 2 de maio de 2010

O VELHO HOMEM

- Jura dizer a verdade, somente a verdade?
(Esse Juiz tá querendo me complicar. Com vinte e dois anos de idade, ele quer que eu mude de vida assim, radicalmente, num segundo? Depois dizem que no Brasil não existe justiça. O homem tá me forçando)
- Sim, eu Juro!
(Pronto! Agora me sinto melhor. Fiz o que sempre fiz)

sábado, 1 de maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A NOVA PROFISSÃO

Além das atividades triviais, dia de vacinação num posto de saúde da periferia. Gente demais. Pessoas nervosas, querendo ser atendidas rápido, como se não conhecessem a realidade de um posto de saúde.
Num determinado momento, uma mulher que esperava há umas 5 horas, perdeu a paciência e começou gritar, fazer escândalo. Os guardas procuraram detê-la, mas não podiam fazer nada além de tentar convencê-la com uma boa conversa, qual o quê, mulher não se acalmava.
Aproveitando a oportunidade que o tumulto gerou, outros pacientes começaram a reclamar também. Virou um burburinho de vozes, gritaria mesmo.
Nisso foi cruzando o corredor uma enfermeira nunca antes vista no posto. Uma cinquentona grisalha. A mulher, debatendo-se das mãos dos guardas, apontou, dirigindo-se à funcionária.
- Olha aí, lá vai a prostituta!
A enfermeira ouviu. Rodou energicamente sobre os calcanhares. Deu alguns passos na direção da mulher e ficaram frente a frente. O posto inteiro se calou, assustado, pensando:
- Pronto! Agora o tumulto está mesmo formado!
A enfermeira segurou com firmeza o ombro da mulher. Ela se calou, tremendo. A enfermeira olhou-a bem dentro dos olhos e pediu:
- Fale baixo! Não espalha! Meu marido ainda não sabe que estou nessa nova profissão que você acaba de arranjar pra mim!

B L E C A U T E

Lamparina, luz mortífera, amarela. Querosene no fim.
Num canto, fagulhas intermitentes reavivam.
Cheiro de fumo e palha queimados. Tosse rouca. Escuridão.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

NAMORO

Imponente telhado de edifício. Sol se pondo.
Fio de luz: jandaias se acariciam.
Pássaros cruzam o entardecer, buscando abrigos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

ROSINHA

Rosa Maria... dona de casa.
Marido religioso, sempre na igreja.
Nem desconfiava... de nada sabia.

domingo, 25 de abril de 2010

FAXINA CONJUGAL

Após ler um pensamento de um autor desconhecido, no qual ele aconselha as pessoas a fazerem uma faxina na vida, eliminando coisas que já não servem mais pra nada, a mulher anunciou, sentindo-se dona da situação.
- Oba! Vou botar meu marido pra correr!

LIMPEZA

Faça uma faxina na sua vida. Jogue fora coisas que no passado representavam muito, mas que hoje para nada mais servem.

V I S I T A

Cancela rangendo.
Latidos.
Vozes. Estranho chegando.

sábado, 24 de abril de 2010

S O L

Reluz do infinito. Intocável. Estáticas nuvens.
Raios ultrapassam. Claridade, transparência.
Pele tostada. Corpos ardentes. Verão.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

CONDENAÇÃO

Na fronte, a dor, sofrimento, sangue.
A condenação... Chicote.
O peso fá-lo curvar-se. Chicotadas assoviam...

CRIANÇA TEM CADA UMA

Menino de 5 anos nos braços do pai... À direita da rua vê um velhinho: - Bença, vovô! Do outro um amiguinho brincado. Ele xinga: - fdp!

terça-feira, 20 de abril de 2010

CAIXINHA DE LEMBRANÇAS

Guardei numa caixinha da memória,
As lembranças que foram aos poucos habitando o meu coração.

Da infância...
Guardo cheiros e sensações pueris:
algodão doce, cheirinho de maçã, frango aos domingos, música de parque de diversões, “... e o circo chegou com a macacada...”, o palhaço de pernas de pau, a dança húngara dos ciganos...
... a inocência,
... os primeiros livros,
... as peraltices,
Guardo a proteção dos pais que me enlaçou antes das auroras roubarem a idade.

Da adolescência...
Guardo as portas abertas ao mundo mágico dos livros.
Estou num campo de batalha para construir futuro.
Novos amigos...
... as corridas aos concursos.
Anseios e desejos de um “futuro” palpitam no coração.
(O mundo revoluciona cabeças. Há incertezas).

H o j e...
(Tô com foooome!!! Qro Ruffles!!! Kd o meu Cheaps??? O mágico está na internet! Cobra caro... Os artistas de circo dormem nos hotéis! Tem cigano acampado aliiiii?)

Mas afinal, o que guardo hoje?Não sei...
Estou tão certo quanto aquela nuvem branca que levou o zoológico pro céu
Mas...sei apenas de um coração que armazenou as boas coisas
que a vida me concedeu.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

BRIGA DE VIZINHOS

- Vizinho, comprou galo de briga? – Não, é pra criar. – Esse bicho canta na madrugada, ninguém dorme. Some com esse galo, tá bom? Avisei!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DEPENDENTE DE ESPOSA

Marido dependente demais. Até pra tomar água, a esposa tinha que servi-lo. Nunca entrava na cozinha. A tolha era entregue a ele no banheiro. A roupa que ele usava, recebia na mão. Certo dia, chegou em casa e não encontrou a mulher. Ficou furioso! Ligou pra casa da sogra. Um sobrinho atendeu:
- A tia ta aqui sim!
E o marido:
- Pergunta se ela quer que mande a trouxa dela!
- Não entendi nada, tio! – retrucou o guri.
Mais enfurecido ainda, o marido soltou mais essa:
- Pergunta pra ela quando ela vai achar o endereço de casa!
Coitado do menino. Será que finalmente ele entendeu?

terça-feira, 13 de abril de 2010

DO TEMPO...

Do passado,
construo o presente, viajo no futuro, sou intemporal.
E estou ausente de alguns anos atrás.
Talvez presente um pouco mais adiante.
Ou agora?

Se queres saber de mim,
pergunta ao vento, que brando sussurra nas palmeiras.
Pergunta às estrelas cadentes do céu...
Ou ao infinito, que foge dos teus olhos.
Quem sabe?

Contigo não deixo o passado. Jamais!
O futuro, o amanhecer te trará.
Tampouco deixo o presente de presente.
Deixo apenas, a dúvida presente.

domingo, 11 de abril de 2010

BATATA NO FORNO

O menino ficou fora a amanhã toda, jogando bola sem autorização da mãe. Nem arrumou o quarto. Não fez nada em casa.
Ao voltar, na hora do almoço, a mãe foi logo agarrando a sua orelha:
- Onde você estava assim todo sujo, Pedrinho. Vou contar pro seu pai. Malcriado! Sua batata tá assando!
– Ai mamãe, traz logo essa batata. Tô morrendo de fome!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

AMIZADE COLORIDA DO OUTRO LADO

- Lia, tá sozinha? Quero te ver! – Meu namorado vem pra cá! – Ué, vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem! (Essas meninas...)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

NA CALADA...

Na calada, tu não dizes nada.
Apenas gestos. Posso avançar.
... com permissão, gosto de ver teus lábios sussurrar.

terça-feira, 6 de abril de 2010

DANDO SOPA

- Volte aqui, menina! A chuva! Depois adoece e dá trabalho! Vai dar sopa na chuva? – Que sopa, mamãe? É os vestido da boneca de minha amiga!

domingo, 4 de abril de 2010

PRONOMES ACUSADORES

- Esse é aquele que cantava a mulher do outro? – Qual? O tal que mal o marido saía ele ia se oferecer pra ela. – É... o dito é esse mesmo!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

LUZ DO MUNDO

Na cruz, o último suspiro! O fim!
O céu se rasgou em trevas!
Ele está aqui! Luz do mundo! Trouxe a redenção!

A Z U L

- Papai, venha ver como o céu está azul! – É o reflexo dos teus olhos, filhinha! – Papai, como o senhor é exagerado, mas te amo mesmo assim!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

DESEJOS

A ti, elevo a taça dos meus desejos,
Nesse brinde de sedução.
Meus lábios anseia por beijos, no pulsar do coração.

quarta-feira, 31 de março de 2010

À SUA ESCOLHA

- Papai, de qual o sr. gosta mais. De cachorro ou de gato? – Depende, filhinha! Pra comer ou pra criar? – Eca, papai. Que nojo!

sábado, 27 de março de 2010

A VIDA ME FEZ ASSIM

A vida me ensinou a ser duro
Quando furacões sacudiram a minha tenda.
Quando inimigos se aproximaram,
A vida me deu um coração de pedra
Para combatê-los.

A vida me ensinou a ficar de tocaia, para me defender.
Me deu armas certeiras para o combate,
Me ofereceu sobrevivência.

A vida me deu um coração de manteiga,
Para ser tocado pelas coisas belas, para amar,
Para alcançar a felicidade.

Quando o meu pranto iria fazer um outro sofrer,
A vida, cuidadosamente,
Estancou as minhas lágrimas,
Consolou a minha alma,
Para que o coração não denunciasse o mais ínfimo sofrer.

A vida me fez chorar, me fez sorrir,
Me fez jubiliar e dar Graças,
E regozijar,
Quando a felicidade habita o meu coração.

A vida me fez assim.
Ora fortaleza, ora ruína.

terça-feira, 16 de março de 2010

MUDANÇA

Problemas! Alugou casa que o marido não queria. Ele virou bicho, depois acalmou: Como? Uma vizinha boazuda pedalando na sala da outra casa.

"QUEM NÃO COLA..."

Zero pro aluno colão. Revoltado, ele argumentou: “Quem não cola...“. A professora, com a consciência pesada, se viu no passado.

quarta-feira, 10 de março de 2010

APARÊNCIAS

Incomodados com o constante barulho de salto alto no andar superior, todo dia por volta das 11h da noite e depois altas horas da madrugada, a família resolveu comunicar o incômodo à polícia, que apareceu assim que acatou a denúncia.
Quando o PM tocou a campainha, abriu a porta uma pessoa com um barbeador na mão e um recipiente com espuma na outra. E com irritação na voz, foi logo dizendo:
- Já me atrasei para o show! Se eu demorar, colocam outra no meu lugar. Diga logo o que quer! Ainda não me barbeei e ainda tenho escolher o vestido!
...................................................................................................
Assim que ele, todo travestido, adentrou os bastidores da casa noturna, veio ao seu encontro um homem gordo e careca, trajando um colete fora de moda.
- Não te falei que mais um atraso você estava fora do show?
- Tive problemas... a polícia deu uma batida lá em casa!
- Drogas?
- Que “drogas”... droga é essa vida!
- Pois é! Você dançou. Encontramos outra Drag Queen pra te substituir. Uma pérola. Linda, sensual, fala com sotaque, o que lhe dá mais charme. Diretamente da Espanha, acredita?
Ao ouvir isso, a Drag olhou para o outro ali travestido e fez ar de desprezo, gesticulando numa demonstração de que se sentia bem superior mesmo.
- Azar! – respondeu o rapaz.
- Venha! Vou acertar com você... não precisa voltar aqui...
Os dois foram para os fundos da casa noturna. O homem de colete fora de moda abriu uma gavetinha e retirou uma nota, entregando-a ao outro, que anunciou:
- Ainda bem que trouxe uma bolsa com roupa de homem. Posso me trocar?
- Amigo, você é de casa. Apenas não deu certo...
O rapaz se encaminhou para um canto bagunçado dos bastidores e tirou o vestido, a peruca e toda maquiagem. Abriu uma sacola, retirou de lá uma calça jeans, camiseta e tênis e guardou a indumentária. Vestido de jeans e camiseta, agora tinha mesmo aparência de homem.
Enfiou o dinheiro no bolso. Desceu pelos fundos. Ganhou a rua. Depois, pensou melhor e resolveu voltar ao teatro. O show estava começando. Ele se sentou na frente, mais perto do palco para assistir à performance da Drag espanhola que tomou o seu lugar. A “mulher” era realmente sensacional. Tinha um quê de feminino que deixava qualquer um de água na boca. Era verdadeiramente uma “felina”. E a sensualidade era tamanha que ele não conseguia desvincular os olhos dos movimentos dela. E ela também não desgrudava os olhos dele. Houve uma empatia quase incômoda.
Fim do show.
A Drag recebeu os aplausos, fazendo mesuras e saiu correndo para os fundos. Deslizava feito uma pluma pelo palco de madeira. Nessa altura, o nosso amigo já tinha enchido a cara.
As pessoas começaram a deixar o recinto. Ele não se moveu do lugar. Pediu mais um uísque.
De repente notou uma mulher, não antes vista, sentada num canto do salão quase vazio. Olharam-se longamente. O rapaz fez um gesto e em poucos segundos a mulher já estava junto de si.
No dia seguinte, acordaram num motel. Ele confidenciou:
- Vou lhe contar um segredo. Eu trabalhava naquele teatro como Drag Queen, mas era tudo fingimento. Não sou homossexual. Perdi o emprego ontem para uma Drag espanhola... Tô zerado. O dinheiro que recebi só deu pra pagar o motel... mas sabe, eu estava cansado de fingir. Ainda bem que encontrei você. Foi a melhor coisa da noite!
A mulher sorriu. E naquele sorriso, a manhã para ele se tornou mais bela. Haviam conversado muito na noite anterior e surgiu mesmo uma paixão à primeira vista.
- Também quero lhe contar um segredo!
- Não! Chega de surpresa... – disse ele rindo.
- É sério! Sabe aquela Drag Queem que substituiu você? Sou eu! Também fingi. Como mulher a coisa ficava meio comum. Eu não conseguia nada. Não via chance! Então resolvi fingir que era Drag. Sabe que as coisas mudaram? Minha agenda está lotada. Agora já não me faltam shows...

VERSOS DE ILUSÕES

De ilusões, teço versos,
Para o seu amor conquistar.
De sonhos, sou um trovador,
Para o seu coração roubar.

Em cada verso que faço,
Me guia a luz do coração.
Em cada estrela cintilante do céu.
Pensando em ti, sou solidão.

quarta-feira, 3 de março de 2010

RECEITA PARA SER ATENDIDO RAPIDIM NUM PRONTO SOCORRO

Um homem sujo, com cara de quem estivesse sentindo dores, entrou no PS. O saguão estava abarrotado de gente, como sempre. Ele passava mal por causa de uma indigestão, coisa que acho, talvez pudesse ser resolvida com um antiácido.
Ao ver toda aquela multidão esperando atendimento, ele calculou que não sairia dali tão cedo.
Escorou-se na soleira da porta, onde as Enfermeiras apareciam para chamar os pacientes. Permaneceu ali por alguns minutos, analisando rapidamente as pessoas. Depois, sem mais nem menos, soltou um sonoro espirro. Acho até que exagerou, porque todos olharam curiosos para ver de onde vinha o barulho.
Ele ficou muito sem graça. Tirou do bolso um lenço e disse na sua simplicidade de cidadão brasileiro que quer reparar uma falta cometida.
- Desculpa, gente! Não pude segurar. Tô com a gripe suína...

Passados alguns instantes, apareceu uma Enfermeira. Olhou o saguão e achou tudo muito estranho. Gritou as colegas.
- Meninas, venham ver! Aconteceu algo aqui! O PS está vazio... Não acredito!!! Cadê aquela gente toda, meu Deus?
E dirigindo-se ao homem:
- Só tem o senhor aqui? Cadê a multidão que parecia até que ia linchar a gente?
- Sei não, Doutora! Só sei que de repente até doente com traumatismo saiu daqui correndo. Vai eu saber porque?

SINAIS DOS TEMPOS

Júlia estava na praça, na pista de skate, brincando com a rapaziada, quando viu sua mãe atravessando a avenida e vir esbravejando para o lado dela. Correu e disse para uma menina de 15 anos, Karla, a sua filha.
- Lá vem a sua avó melar a nossa brincadeira!
A referida senhora, antes mesmo de chegar ao jardim, gritou da calçada.
- Vocês duas, venham já pra casa! O nenem está berrando e eu já não sei mais o que fazer. Perdi a paciência. Deve ser fome!
Júlia e Karla pegaram o skate e despediram da turma, prometendo voltar assim que o bebê se acalmasse. Quando chegaram perto da senhora que gritava e gesticulava impaciente, ouviram o sermão:
- Você, Júlia, devia ter mais responsabilidade! Devia saber criar melhor a sua filha e o seu neto. Eu já estou com 55 anos, não agüento mais choro de criança. Você ainda é jovem... agora sabe no que dá ser avó aos 29 anos de idade.

segunda-feira, 1 de março de 2010

CASA SUSPEITA

Estavam no intervalo do almoço. Sérgio chamou o colega a um canto da sala e falou de maneira que os demais não ouvissem:
- Está preparado para ver cenas chocantes?
- Onde?
- No computador. Vem!
Jonas acompanhou-o, se esfregando de curiosidade. E à medida que Sérgio ia abrindo fotos, os olhos do amigo só faltavam pular das órbitas.
- Uau! Que isso, rapaz?
- Sabe onde fica essa casa? Aqui! - E mostrou o local no mapa da cidade.
- Nesse lugar?
- Pois é! Se eu contasse o que aconteceu lá, você não iria acreditar!
- Agora acredito. Aliás, nem dá pra acreditar! Veja o muro, as paredes exteriores, a cor...
Sérgio abriu outra foto e mostrou:
- Dentro... olha dentro da casa...
- Meu Deus! O inquilino praticamente destruiu tudo. Ficou parecendo casa suspeita, maloca de malandro! Cara, sua casa está em ruínas.
- Casa de aluguel... certos inquilinos... Agora tenho que correr atrás!
- Vai entrar na justiça!?
- Vou. A justiça já está no meu bolso!
- Não entendi.
- Peguei um empréstimo no banco para recuperar a minha casa! Não posso esperar muito tempo!

rubomedina@oi.com.br

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ESTRANHO FUNERAL

Trajou-se toda de preto. Trancou a casa inteira. Não queria ver ninguém. Estava desolada e chorava desconsoladamente diante daquele ser que um tivera vida e que tanto a amou também.
Ficou a contemplá-lo por alguns minutos, completamente mergulhada em lembranças. Depois, cerimoniosamente, ajoelhou-se, apoiando-se no sofá, e debruçou a cabeça no braço direito, chorando. Sentiu os pingos quentes das lágrimas penetrarem o tecido fino da manga da blusa, escorrendo em sua pele.
Alguns minutos depois, enxugando os olhos com as costas da mão direita, deu por encerrado o funeral e encaminhou-se para o quintal da casa, onde ela mesma cavou a sepultura.
A noite caía.
Uma chuvinha fina banhava as folhas das plantas do jardim, tornando-as ainda mais pesadas com o vento que soprava de vez em quando.
Toda molhada, ela voltou para a sala, agora completamente mergulhada na escuridão. Somente o silêncio fazia companhia a ele. Olhou-o longamente. Sentiu a sua imobilidade mortal. Mais uma vez, lágrimas encharcaram os seus olhos vermelhos de tanto chorar.
Em seguida, ergueu a caixa de sapatos onde o seu estimado gatinho jazia e, contra a vontade, foi enterrá-lo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

AMIGA É PRA ESSAS COISAS?

A colega de quarto ouviu o quebra-pau da outra com o namorado. Ouviu ameaças:
- O quê? Vou aí agora! Quero ver se você tem coragem de me bater!
Viu a outra pegar a bolsa e sair apressada, batendo a porta.
Horas depois, voltou mais calma. Olho roxo, descabelada e braço direito engessado. Sentou com dificuldade na cama, gemendo de dor.
- Veja amiga, o que me aconteceu...
A outra não a esperou concluir a frase e correu para o celular. Virou-lhe as costas e digitou rapidamente um número, falando mais apressada ainda. Em seguida, desligou o telefone, aconselhando à amiga de braço quebrado.
- Fique tranqüila agora. A polícia vai lá na casa dele. E nós duas, vamos à delegacia de mulheres. Ele não podia ter feito isso com você. Não se bate em mulher! Agora temos leis pra nos proteger!
- Quê? Quem bateu em quem?
- Aquele canalha do seu namorado!
- Quê? Ficou maluca? Você chamou a polícia? Achou que foi meu namorado que... ?
- Não foi?
- Nossa, que estrago você fez!
- Tentei te ajudar.... fiz estrago?
- Claro! Saí daqui nervosa, discuti com ele. Acabamos fazendo as pazes. Quando ia voltando pra cá, começou a chover... Enfiei o pé num bueiro aberto e caí. Quebrei o braço. Ele mesmo me levou ao PS...
A outra, tomando consciência do que havia feito, confusa, correu de um lado a lado do quarto.
- Meu Deus!!! E agora...?


rubomedina@oi.com.br

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CORAÇÃO ACELERADO

Coração acelerado, respiração ofegante
Amor sinalizando, chegando... chegando...
Brindemos o amor.

PERFUME DA NOITE

Sopra a noite. O perfume banha o luar.
E eu aqui, te olhando nos olhos
Desejo de te beijar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

REDENÇÃO

A ti, Senhor, rogo perdão!
E os teus braços me acolhem.
És a minha salvação!

PARA O MEU FILHO

Anjo amado, contigo sou tão feliz...
Se ti não consigo mais viver.
És o sol que ilumina os meus dias.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A PONTE

Sem que percebesse
Ergui uma ponta nos meus dias.
De um lado, sou o passado:
Bons momentos que afloram doces lembranças.
Do outro lado, o futuro.
Incerto?

O que me impede de atravessar a ponte?
De romper as barreiras que formam as prisões?
É o “meu” momento?

Olho para trás.
Estou nas amarras das lembranças.
E vejo aqui o meu presente.

Conto os dias...
Vislumbro o futuro que anseia em me envolver
Nos seus braços.

Onde estou, afinal?
Em qual extremidade da ponte depositei os meus anseios?

O meu momento:
(Como se cada minuto pudesse escapar de mim).
É a ânsia de contar os meus dias
Como se colecionasse pérolas.
É mirar o horizonte
E desejar que nuvens sejam mais efêmeras.
É não poder contar as estrelas.
Que escorrem infinitas em caudas pelo azul do céu.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

BANHO DEMORADO
Telefone toca. Criança de 7 anos atende.
- Chama sua mãe, filho!
- Ela tá tomando banho!
- Menino, faz duas horas que liguei e você disse que sua mãe estava no banho!
- Papai, que posso fazer se ela saiu e me disse: “Se alguém ligar, diga que tô tomando banho!”
ELE ENGANOU A POLÍCIA
Depois da compra dos ingressos, os jovens tinham que pegar uma fila quilométrica para entrar na Quadra. Impacientes, eles estavam já algum tempo esperando que as portas se abrissem e o som botasse pra quebrar. Ia haver um atraso, alguém disse, mas não explicou a causa. Mesmo assim, o baile fanque prometia...
Repentinamente, surgiu um comboio de carros e motos da Polícia, vindo direto para o estacionamento. Um ônibus vinha atrás. Os policiais faziam manobras, estacionando por todo lado. Era a primeira vez que ele via aquela Operação e ficou bastante assustado. Quase engoliu o chiclete e quase entrou em pânico. Como era um dos últimos da fila, raciocinou rapidamente e decidiu manter a calma.
Os policiais, à medida que iam estacionando, gritavam com determinação:
- Mãos na parede! Revista!
Ele foi um dos primeiros a obedecer à ordem. Discretamente, cuspiu o chiclete no chão. Pisou no chiclete. E mais discretamente ainda, tirou algo do cós da cueca e jogou perto da parede. Com a goma colada na sola do tênis, ele pisou na coisa. Feito! Estava pronto para a revista.
Ergueu os braços e baixou os olhos para certificar-se de que na sola do tênis nada podia ser visto.
Os policiais avançavam, revistando um por um. No mesmo instante em que a revista estava sendo realizada, os portões da Quadra se abriram e os jovens começaram a entrar. Nem todos tiveram a mesma sorte. Alguns foram detidos e encaminhados para o ônibus estacionado na rua.
Quando chegou a sua vez de ser revistado, um policial usou os mesmos procedimentos. Apalpo-o por toda parte, remexeu, quase o virou pelo avesso. Não encontrando nada, disse:
- Liberado!
Ele seguiu lentamente, erguendo um pouco mais a bermuda frouxa que havia descido. Andava sem pressa. O que estava colado na sola do tênis não conseguiu estragar a sua noite na balada, que prometia...
MICROCONTOS N. 01
VAI SABER QUEM ERA!
Separaram. Nesse meio tempo, telefone tocava. Ela atendia, desligavam. Marido volta. Telefone toca. Desligam. Enciumado, ele some outra vez.


A OUTRA QUE NÃO ERA “A OUTRA”
- Na partilha, dividimos a herança com mais 7 irmãos. – Entendo sra. Seu pai tinha outra. – Tinha. Mamãe não conseguiu separá-lo da esposa!


AMIGOS... AMIGOS.
Ela já não o amava, mas não queria perdê-lo. Ele decidiu sair de casa. Ela implorou pra que ficasse. Ele ficou. Hoje são grandes amigos.


COISA DE ANTIGAMENTE: "SE PERDER..."
Mamãe dizia! “... meu medo é você ir pra capital e se perder.” Coitadinha. Ela não sabia que o vaqueiro já tinha me “achado” há muitos anos.
NÃO DEU CERTO
(LOJA DE PERFUMES IMPORTADOS NUM GRANDE SHOPPING. TARDE DE SÁBADO. UMA MULHER DE UNS 25 ANOS, LOURA E ESGUIA, VESTIDO VERMELHO JUSTÍSSIMO, COBERTA DE JÓIAS, CHIQUÉRRIMA, FAZENDO COMPRAS)

- Mais alguma coisa, senhora?
- Não, obrigada. Comprei demais. Chega!
Diz, entregando à vendedora um cartão de crédito.
- Senhora, esse cartão está no nome de...
- Eu sei! É meu marido! Está ali fora!
Comenta. Depois, numa atitude que se pode classificar de infantil, coloca dois dedos na boca e dá um assovio agudo. Um homem, aparentando três vezes mais a idade dela, muito bem vestido também, que observa a vitrine de uma loja de sapatos, se volta. A mulher sorri e fala com a vendedora no exato momento em que esta tira as mãos dos ouvidos.
- Ele já vem!
O homem entra na loja. A mulher vai ao seu encontro e quase esbarra numa Policial que acaba de entrar também. A loura o detém, empurrando-o energicamente para um canto. Os dois iniciam uma discussão. Só se percebe que estão se desentendendo pelo gesticular irritado do homem e das ponderações da esposa. A vendedora tem a impressão de que ouviu uma frase entrecortada:
-... quê isso? ... ficou muito caro...
A Policial está encerrando a compra, quando de lá mesmo a mulher a interrompe, dirigindo-se à vendedora:
- Querida, me espera um segundinho? Meu marido é um chato, disse que gasto muito. Vou conversar com ele. Deixe tudo separadinho, ok? Já volto!
Dá três passos na direção da saída, puxa o homem pela manga da camisa. Os dois saem apressadamente da loja e se infiltram na multidão:
- Essa foi por pouco! Ainda bem que forjamos a discussão! E se a Policial desconfiasse? Você com esse cartão falso. Foi sorte! Mais cuidado da próxima vez, ouviu, maluca?

Uma hora depois, a gerente da loja, vendo que a cliente não retorna, diz à vendedora:
- Pode ir lanchar! Se ela voltar, eu atendo!
- Tá bom! Não demoro!
Na lanchonete, a vendedora encontra uma velha amiga de pré-vestibular e demora mais do que o previsto, colocando o papo em dia. Quando retorna à loja por um outro corredor, vê três policiais saindo de uma joalheria. Estão conduzindo um casal: uma mulher de uns 25 anos, de cabelos curtos e negros, esguia, trajando vermelho, coberta de jóias.... Chiquérrima. E um homem que aparenta ser avô dela.
A moça não daria importância ao fato se não reconhecesse a mulher. Aquela que assoviou feito criança, que comprou uma fortuna em perfumes na sua loja, que discutia com o marido. Outro detalhe que lhe chamou a atenção: de vistas baixas, a mulher tentava esconder debaixo do braço uma peruca loura.